luta socialista

Lula reúne nesta sexta atuais e ex-comandantes das Forças Armadas em almoço decisivo

O almoço do presidente Lula com comandantes e ex-comandantes das Forças Armadas, convocado para esta sexta-feira no Palácio da Alvorada, é muito mais do que um gesto de cortesia institucional: é uma fotografia do momento político brasileiro, às vésperas do 7 de Setembro, com a pauta básica da nação em disputa entre duas direções antagônicas. De um lado, a direita golpista e seus aliados midiáticos que ainda sonham com a reinstauração do arbítrio; do outro, um governo que precisa reafirmar a supremacia da política civil e popular sobre os quartéis e as chantagens dos barões do capital. Quem ganha com isso? Nós — o povo organizado — ou os que persistem em golpismos e privatizações?

O cardápio oficial é simples: os atuais comandantes das Forças — General de Exército Tomás Paiva (Exército), Almirante de Esquadra Marcos Olsen (Marinha) e Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno (Aeronáutica) — estarão à mesa, assim como ex-comandantes e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Marcos Amaro. “O almoço foi uma sugestão do ministro Múcio. Segundo ele, não será um encontro de trabalho.” — José Múcio Monteiro. Há quem veja nisso só protocolo; eu digo que é diálogo com quem foi competência-chave no momento mais perigoso da nossa jovem democracia — quando a trama golpista tentou impedir a posse popular.

A presença da antiga e atual cúpula militar à frente do Alvorada chega num momento decisivo: o julgamento da Trama Golpista, cujo desfecho está próximo. O ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-auxiliares — majoritariamente militares de sua turma — respondem por tentativa de golpe. Se forem condenados, há risco real de prisão. Não é pouca coisa! Esse processo tem implicações históricas: será que o Brasil vai punir o atentado contra a sua Constituição ou vai continuar pagando o preço da impunidade dos poderosos?

O encontro, sugerido pelo ministro da Defesa, tem uma função política óbvia: tentar recompor canais de comunicação institucional, marcar o comando civil sobre as Forças e reduzir riscos de novos arroubos autoritários. Mas não nos enganemos pelo jantar aparentemente ameno. Há uma direita que se realimenta de traições e intrigas; há parlamentares como Motta que sinalizam incertezas sobre a definição de pautas como a anistia — “Não há definição”, disse Motta —, evidenciando que a ofensiva conservadora continua tentando costurar saídas para livrar os seus.

É legítimo e necessário que o presidente se encontre com militares. É imperativo, entretanto, que esses encontros sirvam para reafirmar a primazia do poder popular e do Estado democrático, não para acomodar impunidades. Não queremos militares como protagonistas políticos, e sim instituições republicanas fortalecidas, sob comando civil e voltadas para o interesse público, contra as privatizações e a lógica do lucro que espolia o país. Precisamos lembrar: estatais e serviço público são ferramentas essenciais para enfrentar as desigualdades e confrontar bilionários que saqueiam o país.

O cenário simbólico do 7 de Setembro adiciona calor à fotografia: Lula vai desfilar na Esplanada dos Ministérios, e o país vai observar se as Forças, de fato, se colocam ao lado da ordem constitucional ou seguem sendo terreno fértil para aventuras golpistas. A sociedade organizada — movimentos sociais, sindicatos, partidos e a base popular que levou Lula ao Planalto — deve vigiar e exigir providências. A reconciliação com os militares só terá sentido se vier acompanhada de memória, justiça e reformas que consolidem a democracia.

Não se trata de teatro; é de política concreta. O almoço pode ser conversa entre velhos conhecidos, tapete para negociar acordos ou ato republicano para reafirmar limites. Mas uma coisa é certa: enquanto a direita tenta reconstruir sua força, nós não podemos nos dar ao luxo da complacência. A defesa da democracia implica fiscalizar, mobilizar e empurrar o governo para a política popular, que enfrente privilégios, proteja as estatais e faça justiça aos crimes do passado. Afinal, a paz democrática só existe com igualdade e soberania — e quem está do lado da história sabe que não há volta ao tempo das oligarquias e dos golpistas!

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