O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte rumo a Nova York no momento em que o Brasil enfrenta provocações externas e ataques da direita internacional. A viagem à 80ª Assembleia Geral da ONU tem um objetivo claro: reafirmar a soberania nacional, articular a defesa do multilateralismo e pressionar por compromissos reais sobre clima e financiamento para a transição energética — tudo isso enquanto inimigos de plantão, de dentro e de fora, tentam calar ou constranger nosso governo.
Viagem e contexto
Lula embarcou para a sede da ONU onde abrirá o debate de líderes na próxima terça-feira (23). “Sigo agora para Nova York, onde representarei o Brasil na 80ª Assembleia Geral da ONU. Estarei presente em encontros importantes sobre o fortalecimento da democracia, o enfrentamento da crise climática e a defesa do multilateralismo”, escreveu o presidente em rede social. Enquanto isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin assume como presidente em exercício — cena previsível, mas sem checagem de legitimidade: o que importa é que o chefe do Executivo segue levando a voz do povo brasileiro aos corredores do mundo. Lula vai até a ONU para defender a soberania e lembrar que países pobres não pagarão a conta da crise climática sozinhos.
A viagem acontece em meio a uma disputa açucarada, por assim dizer, com o governo dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump impôs uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros — medida que, segundo Brasília, busca pressionar e até interferir em assuntos internos. Com o tal “tarifaço”, a intenção clara foi mandar recado: não gostaram do resultado do processo contra Jair Bolsonaro — que hoje responde a duras penas por tentativa de golpe — e tentam reagir como quem pensa que ainda manda no mundo. Será que os bilionários de sempre e seus governos proxies conseguirão calar a autonomia brasileira? Duvido.
Discurso e agenda
O discurso de Lula será finalizado na véspera; a expectativa é de uma fala firme, diplomática, mas sem concessões às tentativas de intimidação. O texto vai tocar em democracia, multilateralismo, reforma da ONU, preservação ambiental e cobrança por financiamento dos países ricos para ações climáticas — um tema vital para a COP30, que o Brasil sediará em novembro de 2025. A tentativa de intimidação por meio de tarifas e vistos é um ataque à nossa soberania que não ficará sem resposta.
Lula também deve abordar os conflitos em curso, cobrando cessar-fogo na Ucrânia e na Faixa de Gaza e defendendo uma solução que privilegie vidas humanas sobre jogos geopolíticos dos polos imperialistas. Na segunda-feira, ele participa de uma conferência convocada por França e Arábia Saudita sobre Gaza; na terça, há um evento sobre clima com o secretário-geral António Guterres; e na quarta, vai coorganizar com Gabriel Boric e Pedro Sánchez a segunda edição do encontro “Em Defesa da Democracia”, para discutir combate ao extremismo, desinformação e discurso de ódio — temas que fazem o sangue ferver de quem milita contra o avanço autoritário.
Comitiva e constrangimentos
A lista oficial da comitiva ainda não saiu por completo, mas nomes como Mauro Vieira, Ricardo Lewandowski, Marina Silva, Celso Amorim e Janja da Silva são esperados. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que chegou a receber visto, optou por não viajar diante das restrições impostas pelo governo americano à sua circulação. Em entrevista ao Estúdio I da GloboNews, ele afirmou que as limitações foram inaceitáveis: “as restrições impostas pelo país impediram a participação dele na Assembleia Geral e em outros eventos na próxima semana” — e classificou as medidas como “inaceitáveis” e “uma afronta” (Alexandre Padilha).
Os episódios com vistos e ameaças tarifárias reforçam uma realidade: a direita — interna e externa — tenta usar todas as ferramentas para desgastar um governo que recupera a política como instrumento de transformação social. Não dá para aceitar chantagem econômica nem humilhação diplomática. Lula vai à ONU representando a esperança de um projeto popular que resista às pressões dos poderosos e avance na defesa das estatais, das políticas públicas e da justiça climática. Se o Planalto chega a Nova York com pragmatismo, chega também com o braço erguido pela democracia e pela soberania — e com a disposição de não ceder terreno aos donos do mundo.