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Mal-estar, pré-síncope e vômitos: defesa de Bolsonaro justifica ida ao hospital ao ministro Moraes

Na tarde desta terça-feira (16), Jair Bolsonaro saiu de casa — onde cumpre prisão domiciliar — e foi levado ao Hospital DF Star em Brasília. A defesa enviou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o laudo assinado pelo médico Leandro Santini Echenique justificando a saída: mal-estar, pré-síncope, vômitos e queda de pressão. Nada que surpreenda quem acompanha o roteiro: um ex-presidente condenado que, de repente, tem episódios que o levam a um hospital particular. Coincidência? Claro que não!

“Fez alguns exames e, neste momento, está com medicação intravenosa.”Michelle Bolsonaro, em publicação no Instagram. A formalidade do documento foi necessária porque, conforme decisão do ministro Alexandre de Moraes, o preso domiciliar só pode deixar a residência em caso de emergência — e precisa comprovar o motivo médico da saída em até 24 horas. O relatório enviado ao STF descreve o quadro clínico e foi assinado pelo médico responsável. Pré-síncope é a sensação de estar prestes a desmaiar, mas sem perda de consciência. Um sintoma, não uma doença.

O espetáculo midiático foi acompanhado por notas dos médicos que atendem o ex-presidente. Em nota, o cardiologista Claudio Birolini afirmou que solicitou o encaminhamento ao hospital após “um quadro de mal-estar, queda da pressão arterial e vômitos”. “O ex-presidente apresentou na tarde de hoje um quadro de mal-estar, queda da pressão arterial e vômitos. Solicitei que fosse encaminhado ao Hospital DF Star para avaliação clínica, medidas terapêuticas e exames complementares”Claudio Birolini, nota oficial. Tudo documentado, tudo com carimbo — e tudo pronto para ser usado politicamente por quem ainda tenta manter viva a fantasia do herói mártir.

Mas não podemos esquecer o pano de fundo: a investigação e a condenação que trouxeram Bolsonaro até aqui. Na quinta-feira anterior (11), a Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por participação em uma trama golpista — a primeira vez na história que um ex-presidente recebe pena por um plano de derrubar a democracia. Por 4 votos a 1, os ministros entenderam que Bolsonaro cometeu cinco crimes: golpe de Estado; tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito; organização criminosa armada; dano qualificado contra o patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado. Uma sentença histórica — e um recado claro de que as tentativas de subversão da democracia não ficarão impunes.

Será que o hospital particular é o novo palco das manobras? A direita está acostumada a transformar órgão público em trampolim para seus interesses privados; agora, tenta transformar até a saúde de um condenado em palanque e em argumento moral. Mas por trás do verniz de fragilidade física há um cenário político maior: a direita neoliberal e seus seguidores continuam dispostos a tudo para recuperar espaço político e desestabilizar o país. Não podemos esquecer que estamos diante de um movimento com articulações profundas, financiamentos milionários e uma narrativa de vitimização que busca resgatar a velha ordem.

Diante disso, qual é a estratégia de quem ama a democracia e quer ver o Brasil seguir outro caminho? Primeiro, expor sem trégua as tentativas de manipulação midiática; segundo, exigir transparência do STF e da defesa — o país precisa de clareza; e terceiro, fortalecer a luta popular por direitos e soberania. Lula e o PT não são apenas alternativas eleitorais: são centrais para organizar esse novo ciclo de resistência contra a direita e as privatizações. Não é hora de recuar nem de romantizar compromissos antigos — é hora de construir um projeto popular autêntico que defenda estatais, serviços públicos e o direito do povo de decidir seu futuro.

O episódio hospitalar é mais um capítulo de uma novela política que visa confundir e distrair. Mas a história real está do outro lado: na condenação por tentativa de golpe, na resposta das instituições e na capacidade de mobilização da esquerda. A pergunta que fica é clara: vamos permitir que a direita se regenere às custas de nossa democracia, ou vamos aproveitar esse momento para consolidar uma alternativa que permita ao povo brasileiro recuperar o país para si? A hora é de luta — e a esquerda precisa estar pronta.

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