Neste domingo (21) o Brasil deu uma resposta firme e necessária: centenas de milhares de pessoas foram às ruas nas 27 capitais e em várias cidades médias para dizer um sonoro “não” à PEC da Blindagem e ao projeto de anistia para os responsáveis pelo atentado ao Estado Democrático em 8 de janeiro. Convocados por movimentos de esquerda, sindicatos, partidos e coletivos populares, os atos foram um recado claro aos senhores do Congresso que tentam transformar o Parlamento numa fortaleza de impunidade. A disputa política não é abstrata — é vida, memória e soberania popular em jogo!
Atos pelo país
Em São Paulo, a Avenida Paulista voltou a ser palco de resistência em frente ao MASP: ali estavam Boulos, Vicentinho, Tabata Amaral e o padre Júlio Lancellotti, e milhares empunhando cartazes que lembravam que democracia não se negocia. No Rio de Janeiro, Copacabana pulsou com vozes e música — Maria Gadú, Gil, Chico, Djavan e Caetano entoaram canções da luta enquanto a multidão gritava “sem anistia” e “Bolsonaro na prisão”. A USP, usando drones, estimou 41,8 mil pessoas no pico do ato na orla. Em Brasília, a marcha saiu do Museu Nacional da República e avançou até as proximidades do Congresso; ali, ficou claro que a indignação popular não aceita mais conchavos que protejam corruptos e golpistas.
Pelo interior e pelas regiões Norte e Nordeste, manifestações pacíficas em cidades como Belém, Manaus, Salvador, Recife, Fortaleza, João Pessoa, Maceió e Natal mostraram força e diversidade: artistas locais, lideranças sindicais, juventude e trabalhadores deixaram claro que a defesa da democracia é projeto de massa. A PEC quer enterrar a responsabilização política e transformar o Congresso em um santuário para bandidos de gravata. Em São Luís e em outros lugares, cartazes expunham os nomes dos deputados que votaram a favor — um lembrete de que o povo fiscaliza e apontará responsáveis nas urnas e nas ruas.
A resistência também teve eco institucional. “É um murro na barriga e tapa na cara do eleitor” — disse Otto Alencar (PSD-BA) sobre a PEC, sinalizando que há articulação para sepultar o texto na CCJ do Senado. “Estamos juntos lutando pela democracia brasileira, contra anistia, que já foi julgada pelo Supremo… A gente não aceita que ela seja ressuscitada a qualquer custo” — afirmou a cantora Daniela Mercury durante o ato de Salvador. E em Macapá, o senador Randolfe Rodrigues declarou “não se pode blindar autoridades nem anistiar quem atentou contra a democracia”, lembrando que há limites que não podem ser transgredidos sem reação popular.
As palavras nas ruas foram duras e precisas: “sem anistia”, “não à PEC da bandidagem”, “congresso inimigo do povo”. Em capitais como Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Goiânia, Cuiabá e Vitória, a presença de trabalhadores e de artistas mostrou que a luta democrática cruza todas as camadas da sociedade. Em cidades menores, de Uberlândia a Juiz de Fora, o recado foi o mesmo — a base popular não aceita retrocesso institucional encoberto por discursos de “salvação da pátria”.
O que vimos não foi um espetáculo isolado: foi uma mobilização com clareza de objetivos e unidade tática. Não há anistia legítima para quem tentou destruir as instituições; e não haverá blindagem dourada para parlamentares que traem o voto. A batalha agora segue para o Senado, mas a verdade é óbvia: sem pressão social gritante, sem organização dos trabalhadores e sem a unidade das forças progressistas, o Congresso seguirá tentado proteger seus próprios privilégios.
A lição do domingo é simples e empolgante. Resistência nas ruas, articulação política e confiança nas forças populares podem barrar a agenda da impunidade. Lula, o PT e as forças de esquerda têm um papel fundamental nesta nova etapa — não apenas como alternativa eleitoral, mas como centro de organização de um projeto popular que superará a lógica do capital e dos barões do poder. Que este seja apenas o começo: mais pressão, mais unidade e mais luta para desmontar a direita e abrir caminho para um país soberano, democrático e socialmente justo.