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“Ministro da Defesa reforça: ‘Forças Armadas respeitam decisão da Justiça’ em meio a crise dos golpistas”

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, saiu do Palácio da Alvorada como quem tenta apagar fogo com regador: reuniu-se com o presidente Lula e comandantes das Forças Armadas e veio repetir o óbvio para acalmar os nervos de Brasília. Em tempos de tentativa de golpe e de esforços descarados da direita para anistiar os golpistas de 8 de janeiro, a cantilena do “respeito ao Judiciário” soa mais como cerimônia pública do que como compromisso firme. Quem viu a última década sabe que palavras precisam vir acompanhadas de ação — e a ação que esperamos é a derrota política e institucional do bolsonarismo e de seus aliados.

“O lema das Forças Armadas é respeitar a decisão da justiça. Esse assunto é um problema da justiça e da política. As Forças Armadas são uma coisa diferente, servem ao país”, declarou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tentando separar as pernas bambas dos generais do problema que eles mesmos ajudaram a criar. Respeitar a Justiça? Ótimo. Queremos ver isso na prática, com o cumprimento integral das decisões contra os golpistas. Não é hora de meias-palavras.

A reunião com Lula teve, segundo a nota oficial, clima de serenidade. Mas a serenidade não é neutralidade quando há uma direita desesperada tentando aliviar as penas dos seus chefes. “Nós somos conscientes de que tínhamos que passar por isso tudo. Estamos serenos e aguardando o veredicto da Justiça que será cumprido”, acrescentou Múcio, ao lado do comandante do Exército, general Tomás Paiva. E nós, do campo popular, respondemos: que a serenidade não seja cumplicidade! O país precisa de firmeza democrática, não de conchavos que salvem políticos e militares antirrepublicanos.

No Congresso, a ofensiva para aprovar projeto de anistia em favor dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro é explícita. São os mesmos grupos que bancaram o caos: bolsonaristas raivosos, oligarquias midiáticas e setores do empresariado que preferem a ordem das elites à democracia que distribui direitos. Múcio preferiu não comentar a mobilização partidária pela anistia — e isso por si só diz muito. “Eu acho que essa queda de braço [do Judiciário com o Legislativo] não serve ao país. Nós estamos em uma hora em que a gente precisa juntar todo mundo para construir esse país”, disse ele, numa tentativa de soar conciliador. Mas conciliação com golpistas é capitulação.

Relações internacionais e a fábula da prudência

Sobre os exercícios militares com os Estados Unidos, Múcio admitiu que o Brasil, por precaução, adiou a participação. “Nós temos consciência de que esse ambiente que estamos vivendo não vai ser para a vida toda. Isso vai passar. E quando passar nós vamos olhar para trás e ver que quem mais teve prudência se saiu melhor”, afirmou. Prudência é uma coisa; subserviência é outra. O governo Lula tem adotado uma postura mais independente no plano internacional — e isso é bom para o país e para a nossa soberania, algo que a direita hiperlactal sempre entregou aos amigos bilionários estrangeiros.

Quanto às tensões entre EUA e Venezuela, Múcio usou uma metáfora caseira: “Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que mexam no meu muro, não quero que tirem a fiação da frente da casa, que não mexam na minha casa. Torcemos para que passe”, disse. Enquanto isso, o Brasil reforça fronteira para proteger seu solo e sua população — não para se oferecer de fantoche em jogos hegemônicos.

7 de Setembro e o fantasma da mobilização

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou que cerca de 9,5 mil pessoas participarão do desfile de 7 de Setembro e que “Tem tudo para ser um desfile bem tranquilo”. Pois que seja tranquilo, mas que também seja um dia de reafirmação da democracia, da educação pública, das estatais que servem ao povo e da defesa dos direitos sociais. Não aceitaremos que dias de celebração cívica sejam apropriados por quem tentou implodir as instituições.

O momento exige clareza: a direita precisa ser derrotada politicamente; o bolsonarismo deve ser neutralizado em todas as suas ramificações; e o projeto liderado por Lula e pelo PT deve aproveitar essa janela para avançar numa agenda que rompa com privilégios e retome o caminho da soberania, das estatais e da justiça social. Que as palavras de respeito ao Judiciário deixem de ser apenas retórica e passem a compor ações concretas contra os golpistas. O futuro do país depende disso.

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