O primeiro dia de Jair Bolsonaro em prisão domiciliar acendeu o estopim das contradições da extrema direita: de um lado, o ex-capitão que diz defender “a lei e a ordem”; do outro, a lei se impondo para barrar sua sanha golpista. Enquanto isso, nós, que lutamos contra o bolsonarismo e suas teias autoritárias, vemos na determinação do ministro Alexandre de Moraes a fagulha de uma ofensiva legal que pode abrir caminho para a derrota definitiva desse projeto neofascista.
As amarras do arbítrio: prisão domiciliar e visitas familiares
Na última quarta-feira (6), o relator do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF) flexibilizou o cerco a Bolsonaro: autorizou o ex-presidente a receber filhos, cunhadas, netas e netos em casa sem pedir licença prévia ao tribunal. Até então, Moraes havia sido taxativo: toda visita, com exceção dos advogados, dependeria de autorização judicial. A mudança de tom do magistrado, no entanto, não apaga o cerne da questão: Bolsonaro foi enquadrado porque voltou a usar as redes sociais de aliados para propagar seu discurso antidemocrático.
Por decisão de julho, o STF havia fundamentado a proibição assim: Tottenham(as contas de terceiros) não poderiam servir como palanque para incitação de violência. Quando Bolsonaro gravou um vídeo para manifestações, o ministério público entendeu que ele **“flagrantemente desrespeitou as medidas cautelares”**, embora tenha contado com a solidariedade forçada até do próprio grupo familiar. Foi a gota d’água que determinou a prisão domiciliar.
O vexame da extrema direita no Congresso
Como reação imediata, a bancada bolsonarista resolveu transformar as cadeiras do plenário em trincheira de obstrução: ocuparam simultaneamente a Câmara e o Senado, travando as votações, cancelando reuniões e exigindo o quê? A pauta de “pacificação” da extrema direita é um acinte à memória dos 8 de janeiro de 2023, quando seus seguidores atacaram o próprio Congresso. Entre as demandas, está a:
• aprovação de perdão aos condenados pelos ataques
• fim do foro privilegiado
• impeachment do ministro Alexandre de Moraes
“Vamos parar tudo até que discutam caminhos para a pacificação”, alardeou um dos líderes da ocupação durante coletiva. Nada mais cínico! O mesmo grupo que flerta com a desordem agora exige “paz” para livrar seus usurpadores das consequências jurídicas.
O embate jurídico-político se tornou o grande divisor de águas: a democracia retoma fôlego ao exigir que quem quer transformá-la em paródia institucional arque com as sanções legais. Contra os conspiradores, a sociedade civil, o movimento sindical e as organizações populares recolocam no centro o debate sobre Estado, soberania e direitos sociais. Não é hora de recuar!
O avanço das forças democráticas
Enquanto Bolsonaro tenta desesperadamente montar um reality show familiar em volta de sua cela domiciliar, Lula e o PT assumem um papel central na articulação das esquerdas. Mais do que gestores de transição, são protagonistas de uma nova etapa de luta anticapitalista. Nos rincões do país, as bases populares reforçam o grito por um projeto que amplie estatais e defenda serviços públicos, em oposição ao entreguismo privatista do bolsonarismo. A vitória sobre esse bloco reacionário exige uma frente que combine legalidade, mobilização social e política de massas.
As visitas liberadas a Bolsonaro podem até humanizar sua imagem aos olhos de alguns, mas não diluem o fato de que ele segue disputando poder por fora das urnas, municiando fake news e estendendo a mão para milícias digitais. A hora é de endurecer o estado democrático, de fortalecê-lo com participação direta das comunidades.
No embate entre conservadores e progressistas, o último round mostrou que a lei ainda pode dobrar o capricho dos autoritários. Resta agora meter o pé no acelerador: mobilizar a juventude, articular sindicatos, fortalecer as redes de solidariedade e garantir que o bolsonarismo nunca mais tenha fôlego institucional. O campo popular avança e essa é a hora de mostrar que o futuro pertence a quem não se intimida diante da caserna de mentiras que tenta ressuscitar o passado.