luta socialista

Moraes ordena AGU a agir no pedido de extradição da deputada Carla Zambelli

A deputada Carla Zambelli, símbolo máximo do bolsonarismo mais rasgado, descobriu que o drama político não se limita às redes sociais: agora ela está literalmente sob custódia das autoridades italianas. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu nesta quinta-feira (31) que a Advocacia-Geral da União deverá acompanhar e agir no processo de extradição contra a parlamentar que fugiu para a Europa após ser condenada a 10 anos de prisão pelo hackerismo ao sistema do Conselho Nacional de Justiça. É a famosa “fuga para frente” aprendida no manual de sobrevivência de políticos de direita, mas, desta vez, ela encontrou fronteiras mais sólidas do que os muros colados de fake news.

O despacho de Moraes é claro: “Considerando a comunicação da prisão da ré condenada Carla Zambelli Salgado de Oliveira na República Italiana, oficie-se à Advocacia-Geral da União para que acompanhe e adote as providências cabíveis e necessárias relacionadas ao processo de extradição da ré”. Com esse movimento institucional, resta pouco espaço para manobras midiáticas: o Brasil já formalizou o pedido de extradição, e agora a AGU terá a missão de pressionar Roma para que Zambelli cumpra sua pena por aqui. E ninguém gosta de ver criminoso passeando nas avenidas, fingindo que nada aconteceu.

A trajetória de Zambelli beira o tragicômico. Após a condenação pelo STF, ela embarcou para os Estados Unidos com a mesma segurança de quem acredita estar blindada pela justiça divina do bolsonarismo. Quando viu que os long arms da lei não aceitavam carona, rumou para a Itália, onde ostenta cidadania. O que essa parlamentar não computou foi o peso dos tratados internacionais que permitem a extradição de duplas cidadanias, algo que o Brasil já usou no caso Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil preso em 2015 após condenação pelo Mensalão.

Audiência de custódia

Nesta sexta-feira (1º), Zambelli passará por uma audiência de custódia em Roma. Ela está detida no presídio feminino de Rebibbia, conhecido por receber figuras célebres – e agora confirma seu ingresso no rol. No procedimento, a Justiça italiana poderá relaxar a detenção ou dar prosseguimento ao pedido de extradição brasileiro. O veredito, convenhamos, não vai parar em “bom senso”: a diplomacia jurídica atua de acordo com tratados e precedentes, e aí não há bancada na Câmara que possa interferir.

“Trabalharemos para que ela não seja extraditada e, se necessário, solicitaremos que ela cumpra a pena aqui na Itália”, declarou o advogado de Zambelli. Reparem: a defesa quer transformar a extradição em moeda de troca. Caso o pedido brasileiro seja aceito, a deputada já planeja trocar o presídio italiano pelo brasileiro, como se mudar de ambiente bastasse para apagar uma condenação de 10 anos. Um verdadeiro jogo de pressões para ganhar manchete e tempo.

O processo de extradição, segundo advogados internacionais consultados, pode levar de seis meses a um ano e meio. “É um trâmite demorado, com várias fases de recursos e análise de tratados bilaterais”, explica a jurista Ana Mendes. Mas, convenhamos, qualquer procrastinação política envolve mais “achismos” de direita do que qualquer argumento jurídico consistente.

Em Brasília, o pedido de extradição já está registrado formalmente. A AGU, agora sob responsabilidade direta do governo, vai monitorar cada etapa do processo. Para quem defende a soberania nacional e repudia o populismo barato que Zambelli representa, é um alívio ver que não existe blindagem automática para criminosos de toga política. O caminho pode ser longo, mas a lei, no fim, é do lado do Estado de Direito.

Se a direita acha que impunidade é prerrogativa, o episódio de Zambelli revela o contrário: quem joga fora as regras democráticas acaba colhendo os frutos da própria aventura. Enquanto setores retrógrados lamentam “perseguições políticas”, a maioria celebra que nenhum parlamentar – por mais barulhento e mentiroso que seja – ficará acima da justiça. É o recado de que a luta popular e institucional não dá trégua para quem insiste em solapar a democracia e se valer de artifícios escapistas. Justiça feita, resta observar o desfecho: seja em Rebibbia, seja em Brasília, a política brasileira ganha um capítulo que reforça um princípio elementar: ninguém está acima da lei.

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