A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro decretada pelo ministro Alexandre de Moraes mergulhou o país em mais um capítulo dramático da crise política que escancara a farsa autoritária bolsonarista e força a sociedade a encarar o papel do STF na defesa da Constituição. Enquanto isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tenta vestir a fantasia de árbitro imparcial em meio ao caos produzido pelos próprios aliados do ex-capitão. O cenário revela que não basta um aparato judiciário firme: é urgente organizar a resistência popular contra a extrema-direita.
Reação de Hugo Motta e o jogo de cena conservador
“Eu penso que o legítimo direito de defesa tem que ser respeitado, que é um direito de todos, mas que decisão judicial deve ser cumprida.” disse Hugo Motta durante inauguração de um hospital em João Pessoa. Com esta frase, o líder governista tenta emplacar como se fosse mero cumpridor de ordens, quando, na verdade, sua bancada alimenta a retórica golpista de Bolsonaro há anos. Nenhuma democracia de verdade sobrevive com bolsonaristas saqueando as instituições e se escudando em supostos “direitos” que só valem para alguns. A invocação do “direito de defesa” serve de escudo para a perpetuação de narrativas mentirosas que esses mesmos grupos espalham pelas redes.
O deputado também criticou a tentativa de Altineu Côrtes (PL-RJ) de tomar o comando da Casa para pautar votações pró-Bolsonaro. “Nós temos um colégio de líderes na casa, que juntamente com a presidência faz a pauta, esse é o critério que nós adotamos e seguirá sendo dessa forma.” Porém, todo mundo sabe que esse tal “colégio de líderes” é dominado pela extrema-direita e faz vista grossa diante de declarações antidemocráticas. O discurso de “respeito ao Regimento Interno” soa como piada de convenção de espertalhões que, no fim das contas, só protegem seus próprios interesses e os bilionários que bancam o bolsonarismo.
O teatro de obstruções e a fúria dos bolsonaristas
Com a prisão de Bolsonaro, deputados da oposição bolsonarista decretaram obstrução no Congresso, ocuparam a mesa da Câmara e refizeram o mesmo espetáculo no Senado. “Não permitiremos a abertura dos trabalhos até o cancelamento das sessões ou sinalizações para a votação de pautas de interesse.” afirmaram em uníssono, como se a democracia dependesse dos caprichos de quem quer apenas proteger um ex-capitão que prega o autoritarismo. A presença de Flávio Bolsonaro sentando-se no plenário é um retrato do escárnio: a família que manipulou o dinheiro público trata o Congresso como quintal de casa. Essa pantomima só reforça a urgência de um projeto de ruptura com os resquícios autoritários que rondam o Congresso.
Enquanto os bolsonaristas fazem obstrução para livrar o pai de mais condenações, o país agoniza sob o peso do desemprego, da fome e das privatizações que eles tanto elogiam. É lá de dentro dessa barulheira que emergem dois caminhos: ou aprofundar a luta popular e reconstruir o Brasil sob a liderança do PT e de Lula, ou retroceder numa espiral conservadora que vai corroer ainda mais nossos direitos sociais.
Por isso, mais do que comemorar a decisão judicial, é fundamental fortalecer as mobilizações nas ruas, ocupar sindicatos, periferias e universidades. A prisão domiciliar de Bolsonaro não pode virar palanque para meia-dúzia de oportunistas: é hora de articular uma plataforma popular que defenda as estatais, amplie os direitos e empurre para fora do poder essa corja de golpistas. Só assim daremos um passo real rumo a um Brasil soberano, sem bilionários predatórios e sem nostalgia do autoritarismo.