O julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus no Supremo Tribunal Federal não é apenas mais um capítulo jurídico: é o registro público de uma tentativa brutal de colocar o país de joelhos para os interesses da extrema direita. Enquanto o país se prepara para acompanhar as sessões, a pesquisa Quaest encomendada pela Genial Investimentos mostra como a opinião pública se movimenta diante do escândalo — e revela o quanto a farsa golpista chocou a maioria dos brasileiros. Afinal, quem esperava que proclamações de “ordem” terminassem em pedidos de intervenção externa e conchavos com governos estrangeiros para pressionar ministros da Corte?
O que a população sabe e pensa
Segundo a Quaest, realizada entre 13 e 17 de agosto com 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, 86% dos brasileiros já sabiam do julgamento — um salto sobre os 73% registrados em março. Apenas 14% ficaram sabendo durante a pesquisa. Ou seja: o tema está gravado no debate público. Mais importante que o ruído midiático é o juízo da sociedade sobre os fatos: 52% consideram que Bolsonaro participou diretamente do plano golpista — alta que se consolida desde o fim do ano passado — enquanto 36% acham que ele não teve participação. Apenas 2% negaram que houve tentativa de golpe.
Não estamos diante de equívocos isolados; tratou-se de um projeto articulado. E a opinião pública percebeu isso. Muito se fala sobre desinformação e “narrativas”, mas aqui há documentos, interceptações e indiciamentos que deixam claro o caráter tejidista da conspiração.
Prisão domiciliar e o elo com os Estados Unidos
Bolsonaro chega ao julgamento em prisão domiciliar em Brasília. A medida decorre do inquérito que apura a atuação de seu filho Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria buscado apoio do governo Trump para aplicar sanções e pressionar autoridades brasileiras — do STF à PGR e à Polícia Federal — com o objetivo de solapar a investigação sobre a tentativa de golpe. A Polícia Federal indiciou pai e filho por coação: um político que chama isso de “defesa da democracia” precisa urgentemente rever seu dicionário.
A pesquisa mostra que 55% dos brasileiros acham justa a prisão domiciliar, contra 39% que a consideram injusta. Entre quem se identifica à esquerda não-lulista, o apoio à medida chega a 93%; entre os que disseram ter votado em Lula no 2º turno de 2022, 84% apoiam. Já os bolsonaristas seguem em sua bolha: 87% deles consideram a prisão injusta.
O país não pode normalizar a cumplicidade com quem conspirou para destruir instituições democráticas. E não faltarão aqueles que tentem transformar o réu em mártir — leia-se: em candidato eleitoral mais tarde. Precisamos demistificar esse teatro.
Aos dados do tribunal somam-se ainda informações sobre as imputações: Bolsonaro responde por cinco crimes, com penas que, somadas, podem atingir 43 anos — não é pouca coisa. É a resposta do Estado de Direito ao que foi, em suma, uma trama para subverter a vontade popular.
A importância desse julgamento vai além de um nome, um partido ou um episódio: é uma pedra de toque para saber se a direita golpista terá permissão para reestruturar sua ofensiva política com impunidade. Não podemos esquecer que esse mesmo espectro aposta em privatizações, entrega do patrimônio público e favorecimento de bilionários que já provaram que preferem seu lucro à vida das pessoas.
Cabe aqui um aviso e um chamado: enquanto desmontamos o bolsonarismo politicamente, culturalmente e juridicamente, é urgente fortalecer um projeto popular sério! Lula e o PT não são meros agentes eleitorais; são, na visão que defendemos, centrais para abrir uma nova etapa de luta anticapitalista no Brasil — por estatais fortes, contra privatizações e para resumir dignidade social de forma permanente. A democracia está em julgamento na praça pública. Vamos disputar essa narrativa com clareza e firmeza!