A proposta do governo para o Orçamento de 2026 traz uma boa notícia para milhões de trabalhadoras e trabalhadores: o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado ao Congresso prevê um salário mínimo de R$ 1.631 para o próximo ano — um aumento de R$ 113 sobre os atuais R$ 1.518, ou 7,44% a mais. A previsão ainda pode ser ajustada até dezembro, quando sairá o INPC de novembro, mas se confirmada o novo piso valerá a partir de janeiro, impactando pagamentos já em fevereiro. “O salário mínimo serve de referência para 59,9 milhões de pessoas no Brasil.” — Dieese.
Como se calcula o reajuste
O governo aplica a fórmula que foi sancionada por Lula: reajuste que combina inflação e crescimento real do país. Primeiro vem a correção pela inflação medida pelo INPC nos 12 meses até novembro; em seguida soma-se o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores — no caso do mínimo de 2026, vale o PIB de 2024, que cresceu 3,4%. A lógica é simples: garantir algum ganho real para os que mais sofrem com o preço da comida, do gás e do transporte. Garantir aumento real do mínimo é uma resposta concreta ao ataque dos bilionários e ao empobrecimento do povo.
Quem ganha — e o que isso significa para as contas públicas
O salário mínimo não é só para quem recebe diretamente um contracheque no valor do piso. Ele serve de referência para aposentadorias, pensões, Benefício de Prestação Continuada (BPC), abono salarial e seguro‑desemprego — ou seja, atinge quase 60 milhões de pessoas e famílias. “A cada R$ 1 de aumento do salário mínimo cria-se uma despesa em 2026 de aproximadamente R$ 430 milhões.” — Governo. Traduzindo: os R$ 113 propostos representam aumento relevante nas chamadas despesas obrigatórias, reduzindo o espaço para gastos discricionários do Estado.
Quando o país valoriza o mínimo, quem ganha é a maioria — não os especuladores. Mas essa escolha tem preço nas contas públicas: mais recursos vinculados ao piso significam menos folga para cortes e para projetos que ampliem direitos, se o Executivo optar por ajustar outras rubricas. Aqui entra a disputa política: corte em direitos sociais e privatizações são a receita preferida da direita e dos empresários, enquanto nós defendemos estatais, investimento público e proteção social.
E o combate político não será fácil. A direita radical, adherente do bolsonarismo, já prepara campanhas para dizer que “gastar com pobres fura o teto” e que a solução é privatizar tudo — como se entregar patrimônio público à sanha dos bilionários resolvesse fome e desemprego. Não resolve! A política de valorização do mínimo é uma ferramenta de redistribuição e de fortalecimento do mercado interno. Se quisermos avançar, precisamos ampliar essa política, não desmontá‑la.
A lei sancionada por Lula mostra que o PT vem sendo um ator central nessa disputa: não apenas alternativa eleitoral, mas força para mover o país rumo a outra etapa de luta anticapitalista, onde o Estado retoma um papel regulador e promotor de direitos. Claro que será preciso mais: pressão social, mobilização sindical e políticas públicas que revertam décadas de desmonte.
Que fique claro: o aumento proposto é um passo importante, mas a batalha continua. Defender o aumento do mínimo é defender o direito de viver com dignidade contra os que transformam o país em balcão de negócios para poucos. Vamos mostrar nas ruas, nos sindicatos e nas urnas que a nação é do povo — não dos bilionários e dos vendilhões do patrimônio público.