Neste momento decisivo, o Supremo Tribunal Federal precisa manter-se firme e concentrado na reta final do julgamento que apura a tentativa de golpe de Estado articulada por Jair Bolsonaro. A dispersão de atenção, alimentada pela famigerada sanção de Donald Trump à Lei Magnitsky aplicada pelo ministro Alexandre de Moraes, não pode desviar o foco da missão maior: restaurar a ordem democrática no Brasil.
Os ministros do STF foram claros ao afirmar que a prioridade é não perder o foco e concluir o processo que julga o ex-presidente. Sobretudo porque a tática bolsonarista, abrindo mão da transparência, tenta criar uma espécie de nevoeiro político. A estratégia é clara: confundir a opinião pública com narrativas conspiratórias e deslegitimar a Justiça brasileira, atribuindo ao “imperialismo estadunidense” uma graça que jamais existiu.
“A sanção de Trump a Moraes é um ataque claro à nossa soberania” destacou Gilmar Mendes, lembrando que o julgamento segue trâmites estritamente nacionais. Afinal, não há interferência externa no rito jurídico que investiga crimes de responsabilidade e violação à Constituição. A adesão de Washington ao complô bolsonarista revela, sim, o alinhamento ideológico de Trump com extremistas que desejam varrer o Estado de Direito.
A expectativa é de discursos firmes, porém com a sobriedade que o momento exige, na abertura dos trabalhos do segundo semestre. Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes devem puxar o banho de água fria nos planos golpistas. “Seguiremos firmes na defesa do ordenamento jurídico” disse Alexandre de Moraes, sinalizando que não haverá recuo.
Enquanto isso, o clã Bolsonaro tenta pressionar o Senado e a Câmara, imaginando que, numa eventual condenação, seria possível aprovar uma anistia que os livre das consequências legais. Esse blefe, porém, esbarra na posição firme dos comandos das duas casas, que já demonstram preocupação com o princípio da soberania e a integridade das instituições brasileiras.
A nota morninha do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, ao criticar timidamente a sanção de Trump, escancarou a insuficiência de quem deveria posturear com contundência. Mais grave ainda foi a ameaça indireta de Eduardo Bolsonaro, ameaçando alvos como Alcolumbre e Hugo Motta com retaliações da Casa Branca — um verdadeiro espetáculo de desproteção nacional.
É sintomático que um jantar na noite anterior, entre Lula e membros do STF — incluindo Moraes e Barroso — tenha reforçado o sentimento de solidariedade e a defesa intransigente da soberania. A reunião contou ainda com a presença do procurador-geral Paulo Gonet e do ministro Ricardo Lewandowski, numa demonstração clara de unidade entre os poderes democrático-legais contra ataques golpistas.
Lula, que já se posicionou frontalmente contra a escalada autoritária de Bolsonaro, reiterou seu compromisso com a estabilidade institucional. Apesar das diferenças políticas, essa convergência é fundamental para que o Brasil não sucumba às chantagens de uma direita radicalizada, sob o patrocínio de Trump.
A ordem no STF é absoluta: não cair em armadilhas midiáticas nem permitir que o populismo golpista se regenere a partir de fake news. O povo brasileiro não suporta mais blefes autoritários nem ameaças veladas de tiranos de almanaque. É hora de mostrar que, na trincheira democrática, não há espaço para capitulações.
A pressão externa de Trump, que sancionou Moraes sob o pretexto de liberdade de expressão das big techs, é apenas mais uma cortina de fumaça. A regulação responsável, para conter a disseminação de ódio e mentiras, segue na agenda do Supremo, sem concessões a interesses privados ou a ditaduras corporativas.
A expectativa, agora, é que o julgamento seja concluído ainda em setembro, com um veredicto que reafirme a força da Constituição e a irreversibilidade do processo democrático. Contra a força bruta do bolsonarismo, o STF e o Congresso têm o dever de reagir com a firmeza de quem jamais aceitará o arbítrio.
Resta aguardar a sessão derradeira e torcer para que, ao fim, prevaleça a vontade soberana do povo, livre das amarras do golpe e das sanções de quem, ontem, apoiava generais autoritários. É hora de vitória civilizatória: a democracia brasileira merece nada menos que isso.