luta socialista

Pastor Silas Malafaia fica em silêncio na PF e promete se manifestar após ter acesso ao inquérito

O pastor Silas Malafaia voltou a pagar o preço — ao menos simbólico — de sua impunidade pública. Nesta quarta-feira (20), ao desembarcar de Lisboa no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, ele foi alvo de mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares cumprido pela Polícia Federal. O pastor Silas Malafaia ficou em silêncio durante o depoimento à Polícia Federal. Silêncio escolhido ou forçado, pouco importa: o fato é que as engrenagens do Estado — ainda que tardias para tantos outros aliados do bolsonarismo — começam a alcançar quem atuou como caixa de ressonância das manobras antidemocráticas.

A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que investiga o crime de coação no curso do processo relacionado à tentativa de golpe de Estado, no qual Jair Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo figuram como réus. Segundo a investigação, havia ações coordenadas para pressionar e obstruir autoridades que conduzem esse processo — e a PF afirma ter encontrado nos telefones e publicações digitais materiais que indicam a participação de apoiadores na articulação dessas práticas.

De Lula a Bolsonaro: o apoio de Malafaia nas eleições

Não se trata apenas de um pastor em queda de popularidade; trata-se de um operador político que, ao longo dos anos, navega entre promessas milagreiras e apoio explícito a candidatos que colocaram o país à beira do abismo institucional. A PF, segundo o procurador-geral da República, obteve diálogos e publicações que ligariam Malafaia diretamente às tentativas de coação. “A PF obteve diálogos e publicações nos quais Malafaia ‘aparece como orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro'”, disse o procurador-geral Paulo Gonet.

Em resposta ao g1, o próprio Malafaia justificou seu silêncio alegando que exerceu um direito constitucional, pois ele e seu advogado não teriam tido acesso ao inquérito — e prometeu que pretende se manifestar às autoridades. “Usei o direito constitucional porque ele e o advogado não tiveram acesso ao inquérito, mas pretendo falar às autoridades”, afirmou o pastor Silas Malafaia ao g1. Tradução livre: como outros da extrema direita, prefere os holofotes da mídia e as redes para pregar, mas foge do contraditório nas instâncias investigativas.

Além da busca e apreensão, o pastor teve medidas cautelares impostas: está proibido de deixar o país e proibido de manter contato com os demais investigados. A Polícia Federal apreendeu celulares no Aeroporto Internacional do Galeão. São limitações modestas, talvez, mas que servem como lembrete de que a proteção de um passado de influência nem sempre cobre as interlocuções ilegais ou as tentativas de intimidação a quem só cumpre sua função institucional.

Como militante e jornalista, não me comoverei com o fingimento de vítima que tantos tentam vestir quando o sol da investigação incide sobre seus atos. A operação da PF é necessária, mas não suficiente. A direita bolsonarista, seus pastores midiáticos e empresários que financiaram narrativas antissociais seguem operando nas sombras e nas estruturas mediáticas; é preciso expor e derrotar politicamente esses agentes. A luta é ampla: jurídica, social e política.

E aqui entra a urgência que defendemos: não basta prender a narrativa; é preciso disputar o poder real, construir um projeto que reverta as privatizações, fortaleça as estatais e coloque o país a serviço do povo — não dos bilionários. Lula e o PT, por mais imperfeitos que sejam aos olhos de alguns, representam hoje uma trincheira eleitoral e política fundamental nessa batalha. É com essa frente popular e combativa que devemos confrontar o campo conservador, desmontando-o nos tribunais, nas ruas e nas urnas.

Que o episódio Malafaia sirva, portanto, como alerta: quem alimentou o bolsonarismo e a cultura da coação não está acima da lei — e a nossa tarefa é fazer com que essa lição se traduza em força popular organizada, capaz de enterrar de vez o projeto de direita que tentou destruir a nossa democracia. Quem pensa que o silêncio será eterno, que se prepare; nós não vamos nos calar.

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