A nova pesquisa Quaest/Genial que ilumina o varejo da polarização política no país traz um recado claro: a direita continua forte na propaganda, mas os números mostram que sua capacidade de manter o eleitorado alinhado ao ódio e ao caos começa a rachar. Lula recupera terreno em estados-chave, especialmente em São Paulo, e isso não é detalhe técnico — é sinal de que a estratégia popular e a defesa do interesse nacional incomodam quem vive do ressentimento e dos lucros privados.
Resultados por estado
Em São Paulo, o maior colégio eleitoral, a aprovação de Lula saltou de 29% em fevereiro para 34% em agosto, enquanto a desaprovação caiu de 69% para 65% (margem de erro de 2 pontos). “A recuperação do governo em SP é fundamental para os planos eleitorais do presidente em 2026. Com os atuais 34% de aprovação, Lula está muito próximo do que teve de votos totais na eleição de 2022 no estado”, disse Felipe Nunes, diretor da Quaest. Esse movimento paulista não é casual: é estratégico. Recuperar São Paulo significa abrir caminho para desconstruir a narrativa hegemônica da direita no coração econômico do país.
No Nordeste, onde a base popular do projeto petista é historicamente mais sólida, os números se mantêm robustos: em Pernambuco, aprovação de 62% contra 37% de desaprovação; na Bahia, 60% aprovam e 39% desaprovam (margem de erro de 3 pontos). No Rio de Janeiro, a aprovação subiu para 37% e a desaprovação ficou em 62% — quadro ainda desfavorável, mas com redução da rejeição em relação a meses anteriores. Em Minas Gerais, aprovação de 40% e desaprovação de 59%. No Rio Grande do Sul, 37% aprovam e 62% desaprovam. Paraná registrou 34% de aprovação e 64% de desaprovação; Goiás, 33% aprova e 66% desaprova. Esses números mostram que, mesmo com a direita ainda embalada por sua máquina midiática e judicial, as rachaduras aparecem em vários pontos do mapa.
Cenário nacional e o que influenciou a melhora
No agregado nacional, a desaprovação passou de 53% em julho para 51% em agosto, enquanto a aprovação subiu de 43% para 46% — diferença de 5 pontos, a menor desde janeiro. O pico da rejeição foi em maio, quando 57% desaprovavam e apenas 40% aprovavam. Segundo a Quaest, a melhora em agosto é resultado de fatores econômicos e políticos combinados. “De um lado, a percepção de queda no preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Do outro, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais”, afirmou Felipe Nunes. Em outras palavras: políticas públicas que aliviam o bolso e uma postura soberana na cena internacional recombinaram votos.
É preciso dizer com clareza: essa recuperação não veio por milagre, e muito menos por generosidade dos interesses oligárquicos. Veio porque o governo reagiu a problemas concretos — combate à carestia, defesa de empregos e negociações estratégicas — e porque o campo democrático se organizou para defender conquistas sociais. Enquanto a direita vocifera e busca privatizar tudo, a maioria que vive do salário e do serviço público começa a perceber o custo real das alternativas propostas pelos neoliberais e pelo bolsonarismo.
A estrada para 2026 está aberta, mas cheia de obstáculos. Cabe à esquerda consolidar esse avanço com políticas que toquem a vida das pessoas e com uma organização política que não dê trégua aos inimigos da democracia. O crescimento nas aprovações é um sopro de esperança — e também um chamado à mobilização: não basta recuperar votos nas pesquisas, é preciso transformar essa recuperação em poder social e institucional para desmontar, de vez, as estruturas de poder conservadoras que insistem em privatizar tudo e proteger bilionários. Lula e o PT podem ser o eixo dessa nova etapa; a tarefa é ampliar a base, fortalecer as estatais e enfrentar com coragem a direita que ainda pensa que o país é quintal dos seus interesses. Quem duvida, que acompanhe as próximas pesquisas — e que lute!