A pesquisa Quaest divulgada nesta sexta-feira (22) dá um retrato seco e, ao mesmo tempo, explosivo do tabuleiro político estadual para 2026: oito estados, 10.146 entrevistados entre 13 e 17 de agosto, margem de erro de 2 pontos em São Paulo e 3 pontos nos demais. Não é fotografia definitiva — pesquisas nunca são —, mas é termômetro: mostra onde a direita segue dominante, onde ela patina e onde a resistência popular pode se articular. Como militante, não me iludo com números: eles apontam tendências e abrem janelas de intervenção política. O que esses números mostram é que a direita continua forte em muitos lugares, mas o desgaste e as contradições estão à vista.
Cenários estaduais
São Paulo: Tarcísio de Freitas (Republicanos) lidera com 43% — um sinal claro de que o bolsonarismo e suas ramificações ainda tentam dominar o eixo econômico do país. Geraldo Alckmin (PSB) surge com 21% e Erika Hilton (PSOL) com 8%. Foram ouvidas 1.644 pessoas (margem de erro 2 pontos). A direita tenta se renovar com rostos diferentes, mas a agenda neoliberal e privatista permanece a mesma — e é disso que precisamos desligar politicamente.
Rio de Janeiro: Eduardo Paes (PSD) aparece com 35% entre 1.404 entrevistados (margem 3 pontos). Rodrigo Bacellar (União Brasil) tem 9%, Washington Reis (MDB) 5% e Monica Benício (PSOL) 4%. O resultado mostra o poder das máquinas locais e da velha política da aliança com empresários. Quem paga a conta são os serviços públicos e a população pobre do estado.
Minas Gerais: Cleitinho (Republicanos) lidera com 28% em levantamento com 1.482 pessoas (margem 3 pontos), seguido por Alexandre Kalil (16%) e Rodrigo Pacheco (9%). Zema não pode concorrer — e aí entram caciques e siglas para tentar manter o poder econômico intacto. É preciso enfrentar esses nomes com organização popular.
Pernambuco: João Campos (PSB) dispara com 55% contra Raquel Lyra (PSDB) com 24% entre 1.104 entrevistados (margem 3 pontos). É um bom sinal para quem quer derrotar oligarquias regionais: o candidato ligado a projetos de cidade está à frente. Mas não basta administrar: é preciso política de transformação social.
Bahia: ACM Neto (União Brasil) tem 41% e Jerônimo Rodrigues (PT) 34% em amostra de 1.200 pessoas (margem 3 pontos). A disputa é dura e mostra que o PT continua relevante como força popular, mas precisa aprofundar sua presença social para virar esses números contra a elite local. Lula e o PT têm papel central na coordenação das lutas.
Rio Grande do Sul: empate técnico entre Juliana Brizola (PDT) com 21% e tenente-coronel Zucco (PL) com 20% — 1.104 entrevistados. Edegar Pretto (PT) soma 11%. É terreno fértil para debate sobre direitos sociais e disputa ideológica contra militarização da política.
Paraná: Sergio Moro (União Brasil) lidera com 38% em 1.104 entrevistas. São números preocupantes: o antipetismo e o morismo reconstroem uma alternativa conservadora com apelo de “combate à corrupção”. Mas a estratégia de direita é narrativa, não solução. Precisamos desconstruí-la com propostas populares.
Goiás: Daniel Vilela (MDB) aparece com 26% e Marconi Perillo (PSDB) com 22% em empate técnico (1.104 entrevistados). Wilder Morais (PL) 10% e Adriana Accorsi (PT) 8%. A direita tradicional se fragmenta, mas continua forte via elites locais e ruralistas. A presença do PT é indispensável para articular as lutas sociais.
Esses números traçam um mapa de contradições: a direita está espalhada, mas não invencível; o PT e forças progressistas mantêm base, mas carecem de amplitude e articulação. A disputa não será só entre nomes: é uma luta política por projeto de país, por estatais, direitos e pela derrota dos bilionários de direita. O que está em jogo é se vamos permitir que privatizem o que resta do patrimônio público ou se vamos construir, com Lula e com as forças populares, uma alternativa que vá além da mera alternância eleitoral. Mobilização, organização e clareza política são as palavras de ordem — e não acreditar que pesquisas definem destinos, mas que apontam trilhas para quem quer mudar o jogo.