luta socialista

PF indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro por coação no processo do golpe e apreendeu celular do pastor Silas Malafaia

A Polícia Federal acabou de dar mais um soco no estômago da quadrilha que tentou rasgar a Constituição: Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo foram indiciados por coação a autoridades e tentativa de abolição do Estado democrático de direito. Não é só conversa de bastidor ou “clima tenso” nas redes sociais — é investigação criminal com provas técnicas, mensagens recuperadas e áudios apagados reaparecendo no celular apreendido do ex-presidente. A luta pela democracia não é abstrata; é concreta, e a PF mostrou isso com documentação que expõe uma articulação para intimidar ministros do Supremo e obstruir investigações sobre o próprio golpe de 8 de janeiro de 2023.

Mensagens e articulação

O relatório da PF traz trechos que mostram alianças óbvias entre Bolsonaro, seu filho e figuras do bolsonarismo religioso. Uma das mensagens recuperadas pelo aparelho envolve o pastor Silas Malafaia, que sugere ao ex-presidente que “dispare” vídeos contra as investigações. “ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h” e “Se você se sente participante desse vídeo, compartilhe. Não podemos nos calar!” — segundo a Polícia Federal, eram instruções enviadas por Malafaia a Jair Bolsonaro. Malafaia foi alvo de busca e apreensão e teve seu celular apreendido; voltou ao Brasil vindo de Lisboa e foi conduzido para depor.

As conversas entre Jair e Eduardo expõem o caráter claro e pessoal da manobra: não se tratava de um esforço “pela pátria”, mas de proteger interesses próprios e salvar a pele do chefe da família. “Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. (…) Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.” — frase atribuída a Eduardo, extraída pela PF. A gravação de estratégias e agradecimentos a aliados no exterior também é reveladora: Eduardo orientou o pai a agradecer publicamente a Donald Trump pelas medidas contra o Brasil, numa tentativa óbvia de fisgar apoio internacional para interesses pessoais.

Não é mera retórica: a Polícia Federal identificou elementos que configuram coação a autoridades e tentativa de abolição do Estado democrático de direito. A investigação mostra que a prioridade do grupo era evitar condenações e anular as consequências jurídicas do golpe.

Situação jurídica e plano de fuga

Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar por determinação do ministro Alexandre de Moraes, medida motivada justamente pelas tentativas de coagir autoridades no curso das investigações. Ainda que o indiciamento da PF faça parte de um inquérito — que precisa evoluir para denúncia da Procuradoria-Geral da República para virar ação penal — os elementos já apontam um padrão criminoso que não pode ser tratado como mera bravata política. O processo em que Bolsonaro já é réu, por tentativa de golpe de Estado, tem julgamento marcado para 2 de setembro.

A PF também encontrou no smartphone do ex-presidente um rascunho de pedido de asilo na Argentina, endereçado ao presidente Javier Milei, e um arquivo editável sem data que revela planejamento de fuga desde fevereiro de 2024. Planejar as malas enquanto articulavam como melar investigações? Que cena lamentável — e típica de quem sempre preferiu o balcão de negócios à responsabilidade pública.

O que os indiciamentos deixam claro é que a ofensiva golpista não foi obra de uma turba desorientada, mas de uma rede articulada com estratégias, mensagens coordenadas e tentativas de influência externa. Não basta comemorar um relatório: é preciso garantir que essas evidências avancem na Justiça e que os responsáveis sejam responsabilizados.

A hora é de mobilização política e pressão institucional — a democracia se defende em todos os campos: nas ruas, nas urnas e nos tribunais. É preciso seguir firme, cobrando que a investigação avance, que não haja impunidade e que a direita golpista seja desmantelada politicamente. Afinal, quem planeja fugir e obstruir a Justiça já mostrou de que lado está: do lado dos poderosos que odeiam estatais, privatizam conquistas e querem calar quem luta por direitos. Quem luta por democracia, porém, não se cala.

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