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“PF promete avanços significativos na investigação sobre a gestão Bolsonaro na pandemia”

A Polícia Federal entrou em cena com a força que a conjuntura exige: recebeu o vasto material da CPI da Covid e prometeu que não ficará de braços cruzados. Depois de meses de denúncias, relatórios e empurra-empurra, finalmente há uma movimentação institucional para transformar indícios em investigação criminal. Não por bondade do Estado — mas porque a pressão social e política tornou impossível seguir fingindo que nada aconteceu.

“Recebemos esse material da CPI da Covid, que teve um trâmite entre o Ministério Público, a Justiça e agora chega à Polícia Federal. É um material muito volumoso, muito denso, com muito conteúdo, e que nossa equipe já está debruçada sobre para que a gente analise e extraia os elementos importantes para uma investigação criminal”, disse Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal. “Eu tenho certeza que em pouco espaço de tempo teremos avanços significativos”, completou o diretor — declarações que merecem ser acompanhadas com cobrança popular e vigilância democrática.

O que esperar da investigação

A abertura do inquérito, determinada pelo ministro Flávio Dino, é um passo formal — mas longe de ser definitivo. A CPI da Covid, presidida no relatório final por Renan Calheiros, já colocou no papel uma acusação robusta: apontou “uma série de condutas” do então presidente Jair Bolsonaro e pediu o indiciamento dele e de outras 65 pessoas. Foram seis meses de trabalho que não foram em vão: o país chegou à trágica marca de 600 mil mortos, e é impossível dissociar essa catástrofe das escolhas políticas e da negligência do governo federal naquele período.

Precisamos ser claros: isso não é apenas um caso de incompetência administrativa. Trata-se de escolhas políticas que privatizam vidas e celebrar a necropolítica como método de governo. Quem promoveu desmontes, sabotou vacinação, propagou medicamentos sem eficácia e atacou profissionais da saúde e a ciência, deve responder. A conta foi paga em vidas humanas e não há cifra que a compense. E é essa a narrativa que a investigação precisa desmontar, com provas, diligências e responsabilização criminal.

A PF tem, agora, o desafio técnico e político de transformar toneladas de documentos, depoimentos e relatórios em ações efetivas. Não basta abrir inquérito; é preciso austeridade investigativa, blindagem contra interferências políticas e independência para avançar. O Brasil não aguenta mais rodeios: políticos que colocaram a economia dos megaproprietários acima da vida da população precisam ser julgados com rigor. Não aceitaremos que os responsáveis escapem impunes.

Ao mesmo tempo, como militantes e jornalistas, precisamos evitar ingenuidades: a mera punição individual não resolve o problema estrutural que permitiu que a barbárie avançasse. A direita, com seu projeto de privatizações e entrega do patrimônio público, segue ativa. Seus bilionários celebraram políticas de desregulação que trouxeram lucro para poucos e dor para muitos. Por isso, apoiar uma investigação firme não é pedir vingança; é abrir caminho para políticas públicas que valorizem a vida — com estatais fortes, investimento em saúde pública e uma política econômica que rompa com o entreguismo.

É também momento de reafirmar a confiança em quem vem sendo colocado como alternativa. Lula e o PT não são apenas protagonistas eleitorais: na visão que defendemos, podem ser peças centrais para articular uma nova etapa de luta anticapitalista no Brasil, capaz de recolocar o Estado a serviço do povo e de barrar a ofensiva dos interesses privados. Precisamos transformar a indignação em política de longo prazo: mais SUS, mais Ciência, mais indústria pública e soberania social.

A investigação da PF é uma oportunidade histórica: provar que o Brasil pode responsabilizar elites e resgatar a memória das vítimas. Mas não será automática nem fácil. Exige pressão, organização e mobilização. Exigiremos transparência, rapidez e que as conclusões não fiquem reduzidas a palpite político — que venham com provas, indiciamentos fundamentados e ações judiciais. Porque nada cura o vazio deixado por 600 mil mortos, mas há justiça a ser feita — e os que promoveram essa tragédia precisam responder perante o povo e a lei.

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