O PL decidiu transformar o projeto de anistia a Jair Bolsonaro e aos responsáveis pelo ataque de 8 de janeiro numa bala de prata para sondar o Centrão: quem vai se aliar abertamente aos golpistas e quem tenta construir um caminho próprio rumo a 2026? É jogo bruto de poder, chantagem política explícita e desrespeito à memória democrática do Brasil. Não se trata só de realpolitik — é tentativa de apagar crimes contra a República com um passe de mágica parlamentar! Uma anistia aos golpistas é um insulto à democracia e um convite ao próximo atentado.
O truque do PL e o teste ao Centrão
O plano é simples e pérfido: aprovar o parecer do deputado Paulinho da Força, mas, na hora H, apresentar um destaque que grave anistia para o ex-presidente e os demais condenados pela tentativa de golpe. Assim, o PL tenta forçar uma guinada pública das bancadas e, sobretudo, medir lealdade. “Não vamos recuar da anistia. Vamos apresentar um destaque. Aí veremos de que lado o Centrão está, do lado de Bolsonaro ou querendo fazer um projeto próprio para 2026”, afirmou ao blog o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ). Que honestidade grotesca: tudo às claras, sem pudor!
O arremedo de argumentação é sempre o mesmo — reduzir penas, “harmonizar” crimes, reescrever a dosimetria — mas o objetivo é político. Paulinho da Força apresenta um parecer que joga com a redução de penas para crimes como tentativa de golpe e a abolição do Estado Democrático de Direito, e o relator até propõe absorver um crime no outro para evitar o somatório das penas. Resultado prático: menos punição para Bolsonaro e comparsas. No Congresso, tentam disfarçar isso com termos técnicos; na prática, querem impunidade.
“Ainda não conhecemos a proposta do Paulinho, vamos aguardar, mas não vamos abandonar a ideia de aprovar a anistia para Bolsonaro”, afirmou o líder do PL. Ou seja: a estratégia está posta, a conversa é de bastidor e o ataque à lei é frontal. A pergunta que fica no ar é óbvia — quem vai vender sua alma ao reacionarismo em troca de cargos e verbas?
O Supremo tem sinalizado um limite: mexer no quantum da pena é prerrogativa do Congresso, mas anistias por crimes dessa natureza batem na inconstitucionalidade. Isso representa uma última linha de defesa institucional, mas contar só com o tribunal é ingenuidade política. A democracia precisa de mobilização social e de uma esquerda firme que não flerte com conciliações que apaguem responsabilidades.
Nós, como projeto político anticapitalista e defensor do Estado democrático, não podemos naturalizar nem negociar impunidade. Não podemos permitir que o Congresso apague crimes contra a República como se fossem desacertos administrativos! Anistiar quem atentou contra as instituições é reabilitar o método do golpismo como ferramenta legítima de disputa política.
Há uma urgência prática: o PT e as forças progressistas devem ser incisivas, não apenas eleitorais. Lula e o partido estão numa encruzilhada — podem ser âncora de resistência institucional ou acomodar acordos que enfraqueçam a luta anticapitalista. Para nós, eles devem liderar uma ofensiva que isole politicamente o bolsonarismo e todos os que compactuam com ele, ao mesmo tempo em que ampliem políticas públicas e fortaleçam as estatais como baluartes contra a privatização.
O que está em jogo não é só 2026, é a saúde do próprio pacto republicano. Se permitirmos que o Congresso lave a barra dos golpistas, abriremos precedente perigoso: hoje é Bolsonaro, amanhã pode ser qualquer poderoso que atente contra as urnas e as instituições. Precisamos de mobilização nas ruas, de pressão sobre parlamentares e de articulação política que deixe claro: impunidade não passará!