A mais recente rodada da Quaest/Genial, divulgada na sexta (22), desenha um mapa estadual que mistura continuidade, rejeição e um claro desejo por “nomes independentes” — expressão que, no fundo, pode esconder frustrações com velhas oligarquias e promessas de mercado. Foram ouvidas 10.146 pessoas, entre 13 e 17 de agosto, em oito estados: São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco. A margem de erro varia entre 2 e 3 pontos percentuais, dependendo do estado.
São Paulo
Questionados sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos), 56% acham que ele merece continuar ou indicar sucessor, 36% rejeitam e 8% não souberam. Quando o assunto é o perfil desejado para o próximo governador, 59% preferem um nome independente, 23% apoiam um aliado de Bolsonaro e só 17% querem um aliado de Lula. São Paulo segue sendo o grande laboratório do conservadorismo empresarial, mas também mostra cansaço com disputas fechadas entre direita e centro-direita.
Goiás
Ronaldo Caiado (União Brasil) aparece forte: 73% acham que ele deveria indicar um sucessor; 21% rejeitam. Sobre os nomes testados, o vice Daniel Vilela surge com 26%, tecnicamente empatado com Marconi Perillo (22%); Wilder Morais (bolsonarista) tem 10% e a candidata do PT fica em 8%. “Mesmo ainda muito desconhecido, Daniel Vilela (26%) já aparece tecnicamente empatado com o ex-governador Marconi Perillo (22%). Wilder Morais, o candidato bolsonarista, tem 10% e a candidata do PT tem 8%.” — Nunes, diretor da Quaest
Paraná
Ratinho Júnior (PSD) tem 70% favoráveis a indicar sucessor, 24% contrários. No entanto, o nome apoiado por ele, Guto Silva, aparece com míseros 6% nas intenções de voto — enquanto Sergio Moro alcança 38%. “Esse prestígio político de Ratinho ainda não aparece no cenário estimulado testado. Seu potencial candidato, Guto Silva, tem apenas 6% das intenções de voto. Quem aparece em primeiro é o senador Sergio Moro, com 38%.” — Nunes, diretor da Quaest
Minas Gerais
Romeu Zema (Novo) mostra fragilidade: 46% acham que merece indicar sucessor e 48% discordam. O cenário se deteriorou desde fevereiro, segundo a Quaest. Entre os eleitores, 58% preferem um nome independente, 22% um aliado de Bolsonaro e 18% um aliado de Lula. O que vemos é a exaustão de administrações que prometem “gestão técnica” e entregam cortes e privatizações. “Até fevereiro, parecia tranquila a possibilidade de Zema eleger seu sucessor. Esse cenário ficou mais difícil agora em agosto.” — Nunes, diretor da Quaest
Bahia
Empate técnico: Jerônimo Rodrigues (PT) registra 48% a favor e 48% contra a indicação de sucessor. A oposição, liderada por ACM Neto, aparece com 41% das intenções, enquanto Jerônimo tem 34% segundo a pesquisa. Essa disputa será decisiva para a dinâmica do Nordeste em 2026.
Pernambuco
Raquel Lyra (PSD/PSDB) enfrenta rejeição maior: 54% dizem que ela não merece ser reeleita, contra 43% favoráveis. Resultado: João Campos lidera por larga margem no cenário estimulado. “O cenário mais desafiador é o da governadora Raquel Lyra: 54% não acreditam que ela mereça ser reeleita governadora. Como resultado dessa percepção, João Campos – prefeito do Recife – aparece 31 pontos a frente de Raquel no cenário estimulado se as eleições fossem hoje.” — Nunes, diretor da Quaest
Rio Grande do Sul
Eduardo Leite (PSD) tem 41% favoráveis e 54% contrários à indicação de sucessor. A disputa local aparece polarizada entre Juliana Brizola (21%) e Coronel Zucco (20%), com o candidato do PT em 11%.
Rio de Janeiro
Cláudio Castro (PL) é rejeitado por 57% que dizem que ele não merece indicar sucessor; apenas 34% apoiam. No cenário estimulado, Eduardo Paes lidera com 35%. “No Rio, o cenário parece sugerir mudança no grupo político que administra o estado. Para a maioria dos cariocas (57%), Cláudio Castro não merece eleger um sucessor. Quem se dá bem nesse cenário é o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes.” — Nunes, diretor da Quaest
O retrato que emerge: uma população cansada de gestores ligados ao mercado e às velhas oligarquias, mas também com pouca confiança em alternativas “tradicionais”. O apelo por nomes independentes em quase todos os estados é um aviso claro: as candidaturas precisam falar de direitos, serviços públicos e soberania — e não só de eficiência privatizante. O campo democrático-popular liderado por Lula e o PT tem diante de si a tarefa de transformar essa insatisfação em projeto e organização, não em escaparate de “independentes” que servem aos mesmos interesses. Será que a esquerda está pronta para disputar esse terreno com coragem e unidade? É hora de responder com mobilização, programa e luta!