A escalada das bravatas de Donald Trump contra o Brasil ganhou músculos concretos — e um custo que pode ser aterrador para nossa economia: um estudo aponta que o PIB brasileiro pode perder até R$ 175 bilhões por causa das tarifas de 50% impostas por Washington. Não é só vandalismo geopolítico; é uma agressão direta aos trabalhadores, à produção nacional e a qualquer projeto de desenvolvimento soberano que o país comece a construir sob Lula. Enquanto a direita brasileira bate palmas e celebra políticas que atacam o Estado e as estatais, o verdadeiro dano vem de fora, patrocinado por um magnata que transforma chantagem em política externa.
Em julho, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando a medida: tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. A justificativa? Uma mescla de vingança política pela “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro e a velha retórica protecionista para agradar sua base. A ordem entrou em vigor na primeira semana de agosto, com a Casa Branca mencionando quase 700 itens isentos — incluindo suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e certos tipos de metais e madeira — como se isso diminuísse a agressão econômica.
Um grupo de cinco senadores dos EUA apresentou nesta quinta-feira (18) um projeto de lei para tentar derrubar as tarifas: quatro são da oposição e um é do mesmo partido de Trump. A iniciativa busca recolocar a política comercial sob o crivo do Congresso e frear essa política externa baseada em interesses eleitorais e represálias pessoais. Isso não é comércio, é geopoliticamente movido por birra: uma surtida de imperialismo eleitoral que atinge os trabalhadores e a economia brasileira. Se ninguém frear essa onda, quem paga a conta é sempre o povo — os bilionários riem e a classe trabalhadora arca com desemprego e inflação.
O senador republicano Rand Paul, que integra a base trumpista, foi um dos autores do projeto. Em tom jurídico e, por que não, de autodefesa institucional, Paul afirmou que a Casa Branca extrapolou seus poderes. “O presidente dos Estados Unidos não tem autoridade, com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, para impor tarifas unilateralmente. Política comercial é competência do Congresso, não da Casa Branca”, disse Rand Paul. Já o líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer, denunciou a manobra como uma guerra comercial usada para projetos políticos pessoais. “Os americanos não merecem que Trump faça política com seu sustento e seu bolso. Já passou da hora de os republicanos no Congresso encerrarem essa loucura e se unirem aos democratas contra a tarifa de Trump”, afirmou Chuck Schumer.
O trâmite, contudo, é tortuoso. O projeto tem caráter privilegiado, o que obriga que seja votado — um sopro de esperança. Mas, para virar lei, precisa angariar o apoio de pelo menos quatro republicanos, já que o partido de Trump detém a maioria no Senado. E mesmo se passar, terá de vencer a Câmara, onde os republicanos também controlam a pauta. Lembram do precedente com o Canadá? Em abril, democratas conseguiram aprovar no Senado uma proposta para barrar tarifas contra Ottawa, mas o texto morreu na Câmara. A lição é clara: medidas parlamentares sem força ampla podem ser barradas por uma maioria obcecada.
Para nós, que resistimos à direita e queremos fortalecer um projeto de desenvolvimento soberano comandado por Lula e pelo campo popular, a batalha é dupla: enfrentar o ataque econômico externo e combater os inimigos internos que aplaudem qualquer medida que fragilize o Estado, as estatais e a capacidade de regulação. Não podemos aceitar que decisões de impacto brutal sobre empregos e preços sejam tomadas como moeda de chantagem.
Se a esquerda e a diplomacia popular conseguirem mostrar, com dados e pressão política, os efeitos reais desse tarifão, é possível atrair mais republicanos moderados e paralisar a sanha protecionista de Trump. Mas isso exige mobilização política, solidariedade internacional e coragem para enfrentar tanto o imperialismo quanto os economistas de mercado que pedem privatizações como solução para tudo. A conta, no fim, não pode ser paga pelos trabalhadores brasileiros. Quem lucra com isso? Os mesmos de sempre: bilionários e oligarquias — lá e cá. E nós vamos disputar esse terreno com firmeza.