luta socialista

STF autoriza investigação contra grupo suspeito de fraude e caixa dois em licitação da COP 30 no Pará

O Supremo Tribunal Federal, por meio do ministro Flávio Dino, autorizou a abertura de inquérito contra uma suposta organização criminosa que atuaria no Pará, envolvendo políticos, empresários e policiais militares. O alvo é um esquema que teria desviado milhões em recursos públicos, cometido crimes eleitorais e fraudado uma licitação de R$ 142 milhões para obras da COP 30 em Belém. Diante das denúncias, a concorrência foi suspensa, mas fica o alerta: quando o aparelho do Estado é tomado por interesses privados, a democracia vira fachada para o toma-lá-dá-cá.

No pedido feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, consta a suspeita de que o deputado federal Antônio Doido (MDB-PA) seria o coordenador do grupo. Além dele, figuram como investigados o secretário estadual de Obras, Ruy Cabral, e o coronel da PM Francisco de Assis Galhardo, apontado como segurança do parlamentar. Segundo a PGR, a carga de indícios indica a prática de corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e crime eleitoral.

As empresas centrais do esquema são a J. A Construcons Civil Ltda, registrada em nome da esposa de Doido, Andrea Dantas, e a JAC Engenharia Ltda, de propriedade de Geremias Hungria, funcionário de fazenda do deputado. Entre 2020 e 2024, o governo do Pará pagou R$ 911 milhões à primeira. Em 20 de setembro de 2024, essas duas firmas formaram o “Consórcio Perna Norte” e apresentaram proposta para a obra da COP 30, orçada em R$ 142,3 milhões.

No mesmo dia, o coronel Galhardo sacou R$ 6 milhões em um banco de Castanhal e tentou, via mensagens interceptadas, se encontrar com o secretário Ruy Cabral. Quatro dias depois, já às vésperas das eleições municipais, Galhardo e Hungria foram presos em flagrante ao sacar quase R$ 5 milhões — possivelmente para compra de votos. A PF teve acesso às conversas apagadas no celular do coronel e descobriu que, horas após a habilitação do consórcio, haviam ligações para o “Rui Secretário” e instruções cronometradas de encontro. O cinismo de combinar obra milionária e caixa dois eleitoral mostra o quanto o poder é prostituído pelos mesmos grupos de sempre!

O Coaf apontou ainda que Galhardo sacou R$ 48,8 milhões em 15 ocasiões, movimentados em dinheiro vivo entregue em sacolas plásticas e sacos de lixo. Mensagens revelam que o PM usava agentes da corporação para servir de “segurança privada” a Doido e para facilitar os saques. Há relatos de pagamento de “600k” solicitados diretamente pelo deputado. Para a PGR, trata-se de um ciclo típico de lavagem de dinheiro, financiado por contratos superfaturados e apoio político.

“Não houve quaisquer pagamentos do governo do Estado do Pará para as empresas J.A Construcons e JAC Engenharia relacionados à Concorrência 90014/2024. O referido certame foi formalmente revogado, por razões estritamente técnicas, em dezembro de 2024”, declarou a Secretaria de Obras Públicas do Pará. Segundo o governo estadual, o secretário Ruy Cabral não recebeu vantagens indevidas e não participou de reuniões com policiais.

Enquanto isso, o processo corre em sigilo no STF e expõe como as mesmas oligarquias locais mantêm seu poder intacto, explorando recursos públicos, usando as Forças de Segurança para fins privados e nutriendo candidaturas com dinheiro ilícito. Este escândalo deixa claro: sem massiva mobilização popular e sem um governo comprometido com a reforma política e o controle social, as engrenagens da corrupção continuarão a rodar a favor dos ricos e contra o povo.

É momento de lutar por auditorias cidadãs em todas as licitações, pela controle público das estatais e pela responsabilização daqueles que corrompem o Estado. Só assim poderemos desmantelar esse sistema e construir um projeto popular à altura dos desafios ambientais e sociais que o país enfrenta.

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