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STF ordena que AGU inclua caso de porte ilegal de arma no pedido de extradição de Carla Zambelli

A prisão de Carla Zambelli na Itália escancara o peso das contradições de um país que expulsa imigrantes pobres enquanto dá abrigo a parlamentarias corruptas e armadas. Detida desde a última terça-feira (29) em um presídio na região de Roma, Zambelli enfrenta agora não apenas as leis italianas, mas também a fúria de Brasília, que corre para costurar um pedido de extradição capaz de jogá-la de volta ao Brasil para cumprir as penas que ela tanto se esforçou para adiar.

Dos Jardins de SP ao cárcere romano

Na véspera do segundo turno de 2022, a deputada foi flagrada sacando uma arma e apontando-a para um homem no bairro Jardins, acima de qualquer suspeita de vida comum – afinal, só um apoiador de Lula poderia sofrer tamanha violência gratuita. É a face mais crua da política-armamentista que ela tanto defende, transformando a rua em palanque e a bala em discurso. Denunciada pela Procuradoria-Geral da República, Zambelli viu o STF se encaminhar para condená-la a 5 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O julgamento, suspenso por um pedido de vista do ministro Nunes Marques, será retomado em 15 de agosto.

Enquanto isso, na Itália, o caso ganha contornos de novela jurídica. O ministro Gilmar Mendes determinou que a Advocacia-Geral da União inclua no pedido de extradição o registro do episódio em São Paulo. Paralelamente, Alexandre de Moraes ordenou que a AGU “acompanhe e tome providências” para garantir que Zambelli cumpre suas penas em solo nacional. Afinal, não basta prender no exterior; é preciso trazer de volta a “heroína” das milícias digitais conservadoras.

Condenações que se acumulam

O Brasil já formalizou o pedido de extradição tendo em vista não apenas o episódio da arma, mas também a condenação de 10 anos por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Duplamente acusada, duplamente condenada, duplamente protegidinha pelos círculos de poder? Essa é a pergunta que ecoa diante do esforço da AGU para varrer do mapa qualquer brecha jurídica.

“Vamos trabalhar diuturnamente para evitar a extradição e garantir que ela recorra em liberdade”, declarou o advogado de Zambelli, lançando a campanha de comoção pública que ela domina como ninguém – afinal, vilanizar Lula e exaltar “caçadores de comunistas” dá mais cliques do que discutir reforma agrária.

Do outro lado, a opinião pública segue dividida. Para a direita, Zambelli é mártir de uma “perseguição política internacional”; para o povo, é apenas mais um exemplo de como as elites se julgam acima da lei, munidas de blindagens judiciais, malas de dinheiro e até passaportes de comitiva oficial.

O cenário político e seus desdobramentos

Esse episódio não é um caso isolado, mas um sintoma da crise do bolsonarismo e de suas ramificações. O que vemos é uma direita encastelada em gabinetes, rodeada por corporações de mídia e advogados inchados de foguete, tentando a todo custo evitar que seus expoentes mais radicais sejam punidos. Por outro lado, o governo Lula e suas lideranças no Judiciário pressionam para mostrar que “todo mundo é igual perante a lei” – salvo, é claro, quando a lei beneficia interesses oligárquicos.

A prisão de Carla Zambelli na Itália também serve de alerta para a diplomacia: até quando aceitaremos que nossas instituições sejam motivo de piada internacional? Quando transformaram a embaixada numa sombra de porta giratória para corruptos expatriados? Exigir a extradição não é só um ato jurídico; é um gesto político que demonstra que o país não tolera mais esses “cafajestes de terno e gravata”.

Se, nas próximas semanas, a Itália atender ao pedido brasileiro, veremos Zambelli desembarcar provavelmente acompanhada de um séquito midiático a fingir indignação. Resta saber se, dessa vez, o STF irá fazer valer a decisão que ela tanto tentou protelar.

No fim, o desfecho desse imbróglio jurídico vai além da carreira de uma deputada do PL: é a reafirmação de que não bastam discursos de ódio, tiroteios simbólicos e invasões digitais para manter-se impune. O Brasil – e o mundo – observam. É chegada a hora de colocar essa miliciana de tribunal popular atrás das grades de um sistema que, ironicamente, ela própria tentou derrubar.

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