O ataque tarifário de Donald Trump contra o Brasil não é apenas mais uma trocação aritmética de importações e exportações: é o velho imperialismo ianque mostrando os dentes, apostando na desmobilização da nossa indústria e jogando no brejo empregos e direitos conquistados na batalha cotidiana. Em plena era Lula, esse “tarifaço” chega como uma demonstração clara de que a direita continental, capitaneada pelo Tio Sam, acha que ainda pode ditar regras, sufocar nosso desenvolvimento e atemorizar a classe trabalhadora brasileira. Mas será que vamos ficar de braços cruzados enquanto Washington decide nosso destino econômico?
Impacto do tarifaço
A canetada de Trump elevou para 50% a alíquota de mais de 700 produtos brasileiros, afetando especialmente setores que empregam milhões. Máquinas e equipamentos, carnes, café, frutas, móveis, têxteis, calçados, pesca, ferro, aço, químicos, plásticos e até o tabaco foram pegos de surpresa. Alguns segmentos conseguiram redirecionar parte da produção para o mercado interno ou outros países, mas isso só alivia a dor de forma provisória, reduzindo margens e salários.
“O setor químico será fortemente atingido, comprometendo cadeias produtivas, empregos e investimentos no Brasil e nos EUA”, alerta André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim. Já o presidente da Abipa, José Ricardo Roriz, não tem meias-palavras: “A tarifa de 50% torna inviável as exportações aos EUA, afetando faturamento, rentabilidade e empregos de qualidade”. E não se engane: cada percentual aplicado por Washington é uma pedrada no rosto dos trabalhadores brasileiros.
Pedidos dos setores e a reação do governo
Diante do cenário dramático, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviou ao governo uma bateria de propostas emergenciais, incluindo linhas de crédito do BNDES a juros de 1% a 4%, prorrogação de prazos de exportação, adiamento de tributos federais e reforço ao Reintegra. A Abicalçados, por sua vez, clama por créditos e pela reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm). Enquanto isso, a Abipesca pede R$ 900 milhões em crédito emergencial para não deixar 20 mil trabalhadores na rua.
No campo político, o ministro Fernando Haddad deu uma resposta à altura: “As medidas estão sendo calibradas junto aos sindicatos de trabalhadores e patronais, para proteger emprego e renda sem furar o teto fiscal”. Ao lado de Geraldo Alckmin, Haddad garante que um plano de proteção será anunciado em breve, com linhas de crédito específicas para cada setor afetado e, quem sabe, até um programa de preservação de empregos nos moldes do auxílio de pandemia. Será que a direita neoliberal do TCU vai boicotar essa iniciativa? A dúvida permanece, mas o recado do governo petista é claro: a conta não vai ficar só nas costas dos trabalhadores.
O discurso oficial destaca que, apesar da pressão de Trump, o decreto veio com quase 700 exceções para segmentos estratégicos – aeronáutica, energia e parte do agronegócio escaparam do tome lá, dá cá tarifário. Mas não se trata de celebração: a elevação geral de impostos de importação é uma ofensiva antissoberania que exige resposta firme.
Quem acha que a saída é “esperar o mercado se ajustar” ignora que, em meio a crise global, o tempo de ajuste é ditado pelos grandes monopólios, não pelos pequenos fabricantes brasileiros. Precisamos unir a força das estatais, dos sindicatos e do povo organizado para garantir crédito barato, defender a indústria nacional e empurrar para fora desse país quem insiste em ditar nossas regras.
A luta contra o tarifaço de Trump não é só defender exportadores: é erguer uma barreira política contra o imperialismo, fortalecer as empresas estatais e mostrar que, em terra de Lula e do PT, quem manda somos nós, a classe trabalhadora. O governo já mostrou disposição em reagir. Agora, é hora de construir na base popular a pressão necessária para que o Brasil retome o eixo de desenvolvimento soberano, livre dos grilhões neoliberais de Washington. A hora de enfrentar a direita e seus tentáculos internacionais é agora.