Circula pelas redes um vídeo sensacionalista que tenta vender o impossível: uma parada militar em frente à Casa Branca em “apoio” à prisão de Jair Bolsonaro. Nada nisso é real — trata-se de uma montagem feita com inteligência artificial, mais uma tentativa desesperada da extrema-direita de reescrever a realidade quando o Judiciário brasileira deu um passo histórico contra o golpismo. Nós, que militamos por uma transformação radical do país, não podemos permitir que mentiras assim contaminem a luta democrática!
Como é o vídeo?
O post apareceu no TikTok no dia 12/09/2025 com a legenda: “Liberdade já presidente. Passeata militar contra a prisão de Bolsonaro! 12/09/2025”. As imagens mostram a área em torno da Casa Branca tomada por uma multidão, com veículos militares e bandeiras do Brasil — tudo perfeitamente coreografado. Inclusive, o áudio do vídeo tenta empurrar uma narrativa: “Manifestação na frente da Casa Branca a mando de Donald Trump. Liberdade já para Bolsonaro”. Claro, um roteiro tão melodramático só poderia nascer da fábrica de fakes multimídia que a extrema-direita usa quando perde no campo das ideias.
É #FAKE: o suposto desfile militar em frente à Casa Branca foi criado por inteligência artificial.
Por que isso é mentira?
A checagem feita pelo Fato ou Fake submeteu o arquivo ao SynthID Detector, a ferramenta do Google que identifica conteúdos gerados pelas IAs da própria empresa. O resultado foi claro: a marca d’água sintética apareceu em todos os quadros do vídeo e em trechos do áudio. A gravação falsa ainda trazia o símbolo do Veo 3 — uma pista óbvia de que aquilo não passou por nenhuma câmera humana em frente à Casa Branca, e sim por um software de criação de imagens. Se ainda restava dúvida, a tecnologia falou mais alto: era tudo fabricado.
Não caiam no teatrinho: a direita recorre a mentiras quando perde poder.
Em que contexto essa fake circula?
O timing não é coincidência. O post surgiu logo depois da Primeira Turma do STF condenar Jair Bolsonaro por crimes ligados à tentativa de golpe e à tentativa de impedir a posse de Lula. Pela primeira vez na história do país, um ex-presidente foi condenado por trama golpista — e a pena aplicada a Bolsonaro foi de 27 anos e 3 meses. Era previsível que a máquina de desinformação bolsonarista e seus aliados internacionais tentassem uma reação narrativa. Donald Trump, por exemplo, já reagiu às notícias dizendo que o caso era “terrível” e que parecia com os processos que ele enfrentou. “Terrível”, disse Donald Trump, acrescentando que o caso lembrava os processos que ele mesmo enfrentou.
Essas farsas audiovisuais não caem do céu: elas são produzidas por atores políticos que buscam desestabilizar. Não se trata apenas de “teatro”; é golpe molecular de significados, destinado a confundir e a minar a confiança nas instituições. Ao mesmo tempo, é sintomático da postura covarde da direita contemporânea: sem argumentos democráticos, resta a mentira em alta resolução.
Se queremos construir um projeto popular e anticapitalista coerente, é imprescindível enfrentar também essa guerra cultural — ensinar as pessoas a checar fontes, desconfiar de imagens milagrosas e entender os sinais das IAs. O avanço da tecnologia não é um passaporte para a impunidade: tem de servir para defender a verdade, não para artes marciais da farsa.
O episódio é mais um capítulo da resistência que temos pela frente. A direita se desmoraliza sozinha quando suas narrativas precisam de máscaras digitais para sobreviver. Resta a nós, militantes e cidadãos conscientes, desmontar essas mentiras com informação, mobilização e a convicção de que a defesa da democracia passa também por derrotar a indústria da desinformação.