Circula nas redes um vídeo que promete mostrar uma motociata gigante em Brasília no dia em que Jair Bolsonaro começou a ser julgado no STF. É mentirinha velha com embalagem nova: o clipe é real, mas o contexto é outro. A direita sempre tenta transformar passado em presente para criar sensação de força e normalidade — e agora, em pleno processo que expõe a trama golpista, recorrem ao velho truque de reciclar imagens de 2021 para inflar uma base que, na prática, está mais angustiada do que nas ruas. É #FAKE — e a desmontagem dessa farsa mostra, de novo, como eles fabricam “provas” para justificar o óbvio: desespero político.
Como verificamos
O vídeo não foi produzido por inteligência artificial; as imagens existem e foram captadas em 12 de junho de 2021, durante uma motociata com participação de Bolsonaro em São Paulo. A checagem usou ferramentas técnicas: o Fato ou Fake fragmentou o vídeo com a ferramenta InVID e fez busca reversa das imagens no Google Lens, encontrando publicações daquele período. “As gravações estão publicadas desde 13 de junho de 2021,” disse a equipe do Fato ou Fake ao esclarecer a origem do material. Ou seja: nada de Brasília, nada do primeiro dia do julgamento no STF — era replay planejado para enganar e inflamar seguidores.
Além disso, autoridades confirmaram a ausência de qualquer motociata em Brasília naquele dia. “Não houve registro desse tipo de ato na data,” informaram tanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF) quanto a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF). Que surpresa, né? A máquina de desinformação prefere recauchutar cenas antigas a admitir que a base bolsonarista está acuada, sem capacidade real de mobilização como antes. Não houve registro desse tipo de ato — e as tentativas de alegar o contrário caem por terra com uma checagem básica.
O contexto importa: Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator das ações sobre a trama golpista. Mesmo assim, grupos de apoiadores e opositores se concentraram em frente ao condomínio Solar de Brasília, onde o ex-presidente reside desde 2023. Ele acompanhou a sessão do STF de casa e apareceu por poucos instantes na garagem — a prisão domiciliar, vale lembrar, impede que alcance a portaria onde manifestantes se concentram. A direita teima em montar espetáculo virtual para tapar a realidade jurídica: Bolsonaro preso em casa e o processo avançando contra a rede golpista que ele ajudou a alimentar.
O papel das redes sociais nessa engenharia é corrosivo: WhatsApp, Facebook e YouTube viralizaram o vídeo fora de contexto, com legendas provocativas como “Acontecendo agora em Brasília” ou “Ainda [há] pouco em Brasília, ‘pouca’ gente pra apoiar Bolsonaro”. A estratégia é clara: criar a ilusão de massa, inflar números com imagens recicladas e entregar aos fãs a narrativa de que tudo segue normal — enquanto, na prática, o aparelho institucional responde e o processo se desenrola.
A lição para quem milita e para quem busca informação é simples — e urgente: cheque antes de compartilhar! Não podemos deixar que a direita reconstrua um cenário de poder falso por meio de cenas recortadas. A manipulação midiática é arma deles; nossa arma é a checagem, a organização popular e um projeto que vá além das gestões neoliberais e privatistas que tanto fizeram ao bolso dos trabalhadores.
Se há algo de novo nesta fase política, é que a derrota moral da extrema direita está mais visível. Agora é hora de reforçar a ofensiva democrática e popular, apoiando saídas que coloquem estatais e serviços públicos a serviço do povo, e não dos bilionários. Afinal, se a direita fabrica vídeos para tentar sustentar uma narrativa, nós respondemos com organização, informação e luta — e com o PT e Lula como peças centrais para abrir uma nova etapa anticapitalista no Brasil!
